Proposta #1

Reiterando as publicações prévias, que explicitam o conceito detrás da primeira proposta de trabalho, o objetivo desde a escolha da música, conceptualização e execução do trabalho é simples: capturar com eficácia o dualismo mundo bom / mundo mau que a letra da mesma remete, de acordo com a interpretação que construímos. Sucedeu-se um brainstorming, recheado de ideias subversivas que permitissem imprimir à interpretação efetuada um conjunto de dinâmicas: a estética (tinha de ter bom aspeto), a técnica (apropriar-se dos conceitos do design da comunicação visual de forma estruturada e compreensível) e ainda uma interação.

Concluímos que seria possível implementar este último ponto se o produto não fosse imediatamente compreensível, ou seja: através duma necessária interação (o mais expedita possível) por parte do observador, fosse possível comunicar diretamente e de modo inequívoco a ideia detrás da faixa selecionada.
O motivo para tal decisão consiste em refutar o fenómeno de gratificação instantânea, como idiossincrasia subjacente à imagem. Após refinar algumas ideias iniciais relativas à execução e ao estilo geral seguido, apresentamos o projeto final.

(Clique na imagem para fazer download)
Inspirados pelas obras mais célebres associadas à teoria Gestalt (nomeadamente as ilusões óticas de inversão ou rotação), arquitetamos um conceito simples: retratar explicitamente o dualismo interpretado através duma divisão horizontal nos enquadramentos (quer quadrado quer circular) propostos. Entre a divisória, perspetivas de um mundo bom e um mundo mau estão representadas.

A dinâmica da interação foi aplicada com o movimento - o objetivo é a imagem parecer um todo claramente indiscernível (a nível técnico, dos elementos do design) até o observador rodar a composição 180º. Tal irá  despoletar dois efeitos: o observador por um lado passa a ter uma visão clara e indiscernível da imagem oposta à divisória e, por outro, passa a poder indicar quais os elementos do design visual na metade que podia, há instantes, ver como uma paisagem completa. Cremos que, deste ponto de vista, a submissão deste projeto está apta aos parâmetros requeridos pela proposta de trabalho, na medida em que utiliza um elemento do design da comunicação para poder revelar os demais que nele estão presentes.

Mesma imagem, rodada 180º. Interpretação diferente.
Para mostrar com clareza os conceitos associados ao bom e ao mau, a parte  pauta-se por ser uma paisagem urbana de grande densidade habitacional, repleta de tons ora cinza e monótonos, um tanto por todas as construções, ora contrastantes numa paleta garrida e oblíqua como after-taste um tanto distópico.
Como veículo da mensagem, para além da profusão de formas retangulares que formam edifícios, a textura define o tom da cena, imprimindo a atmosfera de degradação e negligência socio-cultural pretendida.
A perspetiva serve para veicular o observador a tomar interesse nas linhas de força (as diagonais que formam a pequena doca, à esquerda) e, por sua vez, assimilar a vastidão do conteúdo no plano de fundo, mais repetitivo.
Em contrapartida, a parte boa é, literalmente, um mar de calma, simplicidade e relaxamento. Cores vibrantes e naturais concluem a transição de tonalidades entre os espaços, delimitados por um degradê em corte seccional (potenciado pela coexistência das perspetivas), enquanto um azul enérgico e simplista cobre o oceano.
Esta interpretação um tanto simplista do bem e do mal foi selecionada por ser de fácil compreensão, não exigindo ao observador uma contextualização sólida e mais extensa sobre o assunto para compreender facilmente as ideias-chave (ao contrário de, por exemplo, algumas formas de arte contemporânea).

No que respeita à técnica e processo de execução do trabalho, como referido, os pontos a focar a nível de elementos do design visual são a perspetiva, forma e textura. Os dois primeiros foram inicialmente desenhados à mão, de modo a ter uma ideia mais concisa do que fazer, para serem posteriormente desenhados no Illustrator. Todo o trabalho de estrutura (uma grelha especificamente para facilitar a construção em perspetiva), desenho por linhas e cores elementares é vetorial.
Posteriormente, para conferir a textura e os tons mais característicos da composição, a imagem foi texturizada elemento a elemento no Photoshop, recorrendo quer a texturas produzidas no programa, quer a imagens, e submetida a uma série de filtros de correção de cor, saturação, entre outras.

Esta abordagem dupla serviu vários propósitos: auto-aprendizagem, no caso vetorial, pois permitiu uma maior aproximação e familiaridade com o meio (que terá vantagens futuras, seguramente); treino de um  workflow, conceito importante de multitasking e polivalência, adquirido nas aulas; conjunção de vantagens (recorrer aos dois softwares desbloqueia um potencial estético e prático sem precedentes), entre outras.

Tendo referido todos os pontos que justificam as nossas escolhas para o trabalho, lado-a-lado com o processo criativo detrás do projeto, finalizamos a primeira proposta de trabalho. Ainda, disponibilizamos a composição em alta resolução (600 DPI) para download, para posterior análise.

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