Cromático

"All colors are the friends of their neighbors and the lovers of their opposites." Marc Chagall
(Clique na imagem para ampliar) (em Griottes.fr)
É relativamente difícil para nós abordar algo tão fascinante como a cor sem cair em idiossincrasias e preferências, num discurso pautado por palavras subjetivas. Excertos de livros como este, da Pantone, demonstram muito bem as várias cores, usos como identidade gráfica de marca ou ainda como podem realçar certas característica do design industrial ou da embalagem. O que continuam a fazer é associar as cores a um conjunto de estímulos estáticos, inalterados e quase que dogmáticos (como mencionado na aula hoje), que pouco ou nada fazem para introduzir variação no mundo do design visual. Pessoalmente, concordamos que este tipo de interpretações é irrelevante no contexto académico dos manuais de design, sendo tão subjetivo como a coluna dos horóscopos no jornal de domingo.

A interpretação que cada um faz da cor é subjetiva - como tal, focar-nos-emos inicialmente em expor como funciona a cor, em termos gerais.
Funcionamento da interface luz-visão no olho
Extraído do livro Color: Communication in Architectural Space de Meerwein, Rodeck e Mahnke, este diagrama explica como a luz refletida dos objetos, o espectro eletromagnético visível, atravessa um conjunto de estruturas óticas, chegando à retina para ser "interpretado" por bastonetes e cones, que avaliam a intensidade da luz e a cor, respetivamente. Este processo complexo que começa por uma fonte de luz e termina numa interpretação constante do cérebro é, essencialmente, a visão.

A cor está fortemente associada a este processo, sendo até, por exemplo, um dos elementos que as crianças começam por aprender do mundo que as rodeia. No fundo, tem uma função comunicativa fortemente evolucionista, permitindo despoletar o domínio de novas linguagens.

Fora do contexto mais técnico da perceção cromática, o papel da cor é, desde o momento em que o indivíduo começa a construir uma base de dados sobre a cor (isto é azul, o carro é amarelo, etc.) e uma opinião (gosto mais deste porque é verde/rosa/laranja), uma propriedade subjetiva, que vem incutir um modo muito característico de avaliar e utilizar as cores, baseado na liberdade de escolha acrescida.
No fundo, ampliámos o nosso alcance de personalização cromática a praticamente tudo o que seja produzido (ou natural, até, por manipulação posterior): se quiser ter uma casa azul acompanhada dum carro azul enquanto veste jeans azuis e uma T-shirt azul, é perfeitamente possível. Quase como que o baluarte da escolha e da independência estética, a cor tornou-se uma afirmação.

Em oposição a este fenómeno, como já mencionámos, há uma categoria inteira de informações, livros e sites dedicados a dizer-lhe exatamente qual a cor da moda, como conjugar as cores das roupas (não tendo em conta os fenómenos das cores análogas e complementares, como a citação acima tão bem galvaniza), ou quais os sentimentos ou interpretações que determinada cor deve invocar. Esta perspetiva da cor como um elemento semântico absoluto é independente de contexto. Design depende do contexto, não dum pré-conceito rígido. O processo do designer é tão ou mais importante que o produto final, na medida em que atende a uma determinada realidade (não um modelo teórico já construído) e tenta criar soluções com base no que pode melhorar, tendo em conta as necessidades.

A cor faz parte deste jogo. Como agente de reconhecimento, personalidade e comunicação, deve ser dinamizadora e não restritiva. Para perpetuar este conceito, apresentaremos algumas imagens onde os supostos significados das cores são observados por um prisma da realidade urbana decrépita, para ultimamente concluir que o seu significado é variável, consoante o contexto onde se encontra.
Verde. Esperança, crescimento, paciência.
Vernelho. Quente, violento, apaixonado.
Azul. Paz, calma, responsabilidade.
Matizes de cinza e preto. Moderno, profissional, sofisticado.
Fotografias do Talk Urbex. Significados da cor iterados do artigo da Smashing Magazine.

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